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Imagem retirada de http://www.anovieirino.com/ |
Apenas um nome é
justo destacar de tão rasa mediocridade, que nem os vislumbres populistas de D.
Francisco Manuel de Melo, nem a candura de Bernardes conseguem atenuar: o do
Padre António Vieira. Porque as suas inquietações humanas transcenderam o mastigar
prolixo das aproximações bíblicas, pôde sentir a tragédia incipiente do nativo
explorado pela nova civilização. No seu cristianismo tolerante cabiam índios,
negros e judeus. Por isso palpitam, em algumas das suas páginas, dores que
ainda persistem nas terras e nos povos aonde, juntamente com a devota cruz
evangelizadora, chegava a espada da conquista e do esbulho. Alma ao serviço dos
homens da pátria, o grande jesuíta é uma polarização culta e compreensiva de
todos os apóstolos sinceros da fraternidade universal. E o calor que anima a
sua palavra purifica o artificialismo que a enfeita. Há ainda uma escusa a
acrescentar à obra que deixou, que vive e perdura mesmo sem escusas. É que o
seu autor contactou profundamente com uma realidade luxuriante, tropical, de
pujança exterior. E nada mais natural do que ela se fizesse sentir no artista
que ele era. Desculpa que não aproveita aos contemporâneos, que ou nunca saíram
das verças ou as deixaram circunstancialmente, como D. Francisco Manuel de
Melo. Esses, além da falta de autêntico impulso criador, ou falsificaram os
sentimentos, ou lhes falsificaram a expressão.
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