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domingo, 7 de julho de 2013

A MINA, poema de Manuel Alegre

Foto retirada de http://asfolhasardem.wordpress.com/






















Não sei se alguma vez nós voltaremos
da guerra onde deixámos partes d’alma.
As minas ainda estão a rebentar
trazemo-las por dentro e ninguém pode
desarmá-las.
A última foi a de Fernando Assis Pacheco
não em Zala ou Balacende nem Quilolo
mas numa pacata livraria de Lisboa
às onze da manhã
essa hora fatídica da emboscada.

Não me venham dizer que foi enfarte
ou acidente cardiovascular. Eu sei
que foi a mina
armadilhada no coração.

In «Nambuangongo, meu amor – Os poemas da guerra», de Manuel Alegre, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2008 (2.ª edição).

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