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sábado, 13 de abril de 2013

O CHARLATÃO, conto de Miguel Torga

Miguel Torga – Foto retirada de http://largodamemoria.blogspot.pt





















– Quando qualquer de V. Ex.as, às quatro horas da manhã, arrancado brutalmente dos braços de Morfeu por uma guinada do dente do siso, se vir desamparado e desgraçado, dirá então com amargura: – Razão tinha o amigo Balsemão ao microfone! Comprasse eu um tubo daqueles famosos comprimidos, e não estaria agora aqui a sofrer como um cão! – Dores reumáticas ou ciáticas, nevralgias, enxaquecas, cólicas e pontadas – tudo este maravilhoso remédio alivia instantaneamente, isto é: num abrir e fechar de olhos.
Falava de cima duma cadeira, em pé, ao lado da mesa onde colocara um grande baú aberto. Passeava-lhe um rato branco pelos ombros, e era impossível fugir à magia da enorme cabeleira que lhe coroava a larga fronte de lutador. Só vinha na feira dos vinte e três. Armava a tenda logo pela manhã, e daí a nada tinha já freguesia a beber-lhe as palavras. Da sua voz sugestiva, grave, difundida pelo ampliador, tirava quantas inflexões eram necessárias para encantar homens de todas as terras e feitios.
– E o mais curioso é que este tubo, que vale doze escudos na farmácia, não custa nem dez, nem oito, nem sete, nem mesmo seis, aqui. Custa apenas cinco! Menos de metade, portanto. Barato, e a última descoberta científica do século! Ácido acetilossalicílico! Façam favor de ver…
E só mesmo um cego é que não via.
– Produtos Balsemão! Ninguém se esqueça: Balsemão! E a propósito: vou contar-lhes uma rica piada.
Os que já faziam parte da roda, arrebitavam a orelha; os que andavam na sua vida, paravam e ficavam maravilhados a ouvir. No fim todos se riam, que a coisa não era para menos.
– No período aflitivo da guerra, quando eu seguia muito sossegado da vida na carripana, aparece-me de repente um polícia da fiscalização. – Que leva o senhor na furgoneta? – perguntou, carrancudo. – Produtos Balsemão – respondi, na minha inocência. – Abra! Abri, e mostrei-lhe os meus quatro filhos, que iam dentro, a dormir…
Os tempos corriam mal. Deus sabe com que vontade quem tinha os precisos para o resto do ano os vinha vender por qualquer preço. Por isso, depois de duas lágrimas dadas ao balido saudoso duma ovelha, à mansidão dum porco criado a caldo, ou à brancura duma peça de linho fiada à luz da candeia em horas roubadas ao sono, era um alívio perder meia hora ali. Iam-se embora as tristezas, as canseiras, os cuidados, e a feira passava a ter o ar de festa que o coração de todos pedia.
E não pensasse lá que acreditavam nas aldrabices que dizia do novo elixir! Quem?! Enfim, como eram só dez tostões… Às vezes, para um remedeio…
– Vou agora mostrar à digna assistência, a título de curiosidade, a autêntica víbora da fortuna! A autêntica, reparem bem. Porque, infelizmente, até nestas coisas sérias e sagradas há contrafacções, vigários, como se costuma dizer. Mas esta, garanto a V. Ex.as
E ele a dar-lhe com a excelência! Que trampolineiro!
Adivinhava a muda censura, e sorria. Quem é que não gosta uma vez na vida de ser tratado por excelência?! E a prova é que um de Almalaguês perdeu a cabeça e comprou por trinta escudos, sem hesitar, aquele «Talismã da Ventura».
– Bem burro! – não se conteve uma criada, cheia de pena de não ter sido ela.
– Era única, menina! Aproveitasse! – dizia, a entregar a cobra enfrascada e a tirar já nova maravilha das profundezas do baú.
– Sarna, pruridos, eczemas, impingens, urticária, lepra, psoríase, furúnculos – tudo quanto uma pele humana possa conceber –, é um ar que lhe dá. Reparem: pega-se na ulceração, um bocadinho de pomada em cima, ao de leve e pouca, que é para poupar, cobre-se com um farrapinho, e não se pensa mais nisso! Cinco tostões apenas! Só a caixa vale quinze!
Até um soldado estendeu o braço à pechincha.
– Tu para que é que queres isso?! – perguntou, espantado, um colega.
– Sei lá!
Não prestava, era a convicção geral. Mas aqueles olhos a fuzilar o mal e a curá-lo, aquele rato branco de quando em quando parado e atento às palavras do dono, aquela mão erguida ao alto como um destino, dobravam a vontade do mais pintado.
Aldrabão!... – gritava o resto do bom senso de cada um. Pois sim! Viessem ouvi-lo. Esperassem um instantinho, e então se veria.
– Eu sei que há muitas pessoas que me chamam charlatão. Coitadas! Onde pode chegar a ignorância humana! Ora vejamos…
E trapaceiros, daí a nada, passavam a ser os honrados indivíduos que todos os da roda consideravam pessoas de bem. Agora ele?! Pelo amor de Deus! Quem é que tinha a coragem de vir assim honestamente explicar os factos, receber sugestões, pôr-se, numa palavra, em contacto directo com a massa dos humildes? Charlatão! Sempre a mesmíssima coisa! Sempre a costumada ingratidão pátria pelos seus valores! Conheciam a anedota, não é verdade? Numa festa do Minho, cheia de animação, um rapazito subia a um mastro ensebado. Por acaso, estavam presentes um francês, um inglês e um português. O francês aplaudia, apenas; o inglês não aplaudia e, disfarçadamente, ajudava o garoto, se o via desanimar; o português, esse, berrava como um danado: – Força, força! Mas quando o cachopo ia agarrar a prenda, puxou-lhe por uma perna! Hã? De topete, o patriciozinho! Ora por essas e por outras é que ele era charlatão. Queriam-lhe puxar também por uma perna. Felizmente que não se deixava vencer às primeiras, e tinha a consciência tranquila. Dava o mundo inteiro por testemunha da sua isenção e da sua honradez…
– Sim, porque eu sou um cavalheiro na verdadeira acepção da palavra! Ou duvidam?
O silêncio de todos bastava-lhe como resposta. Simplesmente, aquele universal acordo quanto à sua dignidade moral e honestidade profissional tocava-lhe as fibras mais sensíveis do coração. Era um sentimental. E a esse respeito, até para amenizar a conversa, ia abrir-se com o seu fiel auditório, com o bom e generoso povo da sua terra. Ia contar o que nunca contara, nem gostava até de recordar. Mas, enfim, já agora… Porque, debaixo daquela aparência de pessoa alegre, bem disposta e saudável, tinha tido também os seus dissabores e as suas aflições… Justamente por ser um emotivo, um banana!
Um de Vila-Meã, presente, ouvira-lhe o mesmo palavreado em Pombal. Apesar disso, ficou. Sempre queria ver se a história a seguir seria a mesma.
– Aqui há vinte anos, acabara de eu chegar de Paris, quando de repente, numa rua de Lisboa… Quê?! O senhor não acredita que eu fui a Paris?! Olha, olha, não acredita! Sou um homem muito viajado, santinho! Está aqui o meu passaporte. Queira examinar… Faça favor.
Tinha de provar tudo. Como um professor atento à disciplina e às dúvidas da turma, mal alguém se mexia impaciente ou mostrava nos olhos uma névoa de incredulidade ou de incompreensão, estendia-lhe o documento elucidativo ou a palavra iluminada, a ajudá-lo! Só quando todo o auditório respirava entendimento e aceitação, sossegava e prosseguia.
– Está convencido? Muito bem. Dizia eu então que ia a passar numa rua de Lisboa, quando de repente vejo à janela dum sexto andar uma linda rapariga. Alto! – gritei, entusiasmado. – Aquela cachopa convém-me! E como sempre fui um rapaz desembaraçado, pelas escadas acima parecia um gamo. Cheguei lá com o coração a sair-me pela boca. Porque, parecendo que não, este meu relógio não é de fiar… Muitas emoções seguidas. Enfim, misérias do corpo humano. Segue-se que bati à porta, vieram abrir, e aqui é que foram elas! – Desejava alguma coisa? Os senhores estão a ver a cena?! Os senhores representam bem na imaginação o meu encravanço?! Há horas na vida!... Palavra de honra! Bem, mas a gente não deve desistir às primeiras. Enchi-me de coragem e disse cá para comigo: Balsemão, quem não se arriscou, nem perdeu nem ganhou! E zás: – Queria falar com a menina. – Diga-me o nome, faz favor. – Carlos Balsemão Pimentel da Silva, um seu criado. – Tenha a bondade de entrar e de esperar um instantinho. E que é que o respeitável público cuida que aconteceu? Que fui corrido a pontapés? Que fui preso? Nada disso. De alguma coisa me há-de valer a experiência. Um mês depois estava casado com a tal pequena.
Realmente não se podia deixar de aprovar com um sorriso tanta ousadia e desfaçatez.
– Entre os presentes há certamente quem esteja a pensar nos inconvenientes dum casamento assim. E têm toda a razão… Eu que o diga!...
O de Vila-Meã, pela calada, ia-o observando. Até ali a história era exactamente a mesma. Quanto à tristeza que lhe ensombrava o rosto, não podia ser fingida. Certas coisas não se fingem… Não. Aquilo não podia ser tudo mentira…
– Pois é verdade! Casamentinho excomungado! Eu a pensar que ia buscar a felicidade ao tal sexto andar, que tinha tido, ao passar na rua, o palpite da sorte grande, e sai-me um bilhete branco!
O de Vila-Meã sorriu à imagem.
– Bem, mas um fulano quando compra a burra não lhe apalpa o fígado. Fia-se na cor dos olhos… E já agora, que falei em fígado, não me vá depois esquecer…
E começou então a cura universal da icterícia, com um chá maravilhoso de folhas duma planta secreta, cujo nome lhe fora revelado por um landim que conhecera numa das suas numerosas viagens à África…
Desta vez, porém, a assistência ficou insensível.
– Não?! Não há nenhum hepático, aqui?! Mas isso é um milagre! Isso é um fenómeno! Nenhum dos presentes tem dores na barriga, à direita, ou sente enjoos, ou aparece com a língua saburrosa, de manhã?
O mesmo silêncio desconfiado. Icterícia! O homem parecia parvo! Chá dos pretos, de mais a mais! Quem é que ia agora meter porcarias daquelas no corpo?! E logo para o fígado! Livra! A história, se a queria acabar, e viva o velho! Uma pomadinha para a pele, vá lá com mil diabos! Mas drogas para o fígado!...
De segundo a segundo a onda de indignação subterrânea ia crescendo.
Mas o timoneiro daquele barco humano conhecia o mar.
– Não há?! Pronto, não se fala mais nisso! Os meus sinceros parabéns, e podem levar uma vela a Santo Ambrósio…
Olhou a muda agitação da seara. O povinho! O patarata do Zé Pagode a congeminar! Ele tratava-lhe da saúde! Ainda tinha pulso para o dominar. Para o fazer rir ou chorar consoante lhe desse na real gana, e para lhe impingir no intervalo quantas porcarias coubessem no baú. Não queriam agora o chá da icterícia? Gramavam-no para outra vez. Tão certo como dois e dois serem quatro! Lá isso, santa paciência…
 – E vamos então continuar a nossa história. A minha, afinal de contas. E um grande romance, se eu soubesse escrever! Desgraçadamente, não sei. Conto… Conto, e a maior parte das vezes a sentir que toda a gente está a duvidar de mim…
O de Vila-Meã continuava atento, a observá-lo.
– Pois é verdade: o raio da mulher parecia um anjo! Como tinha os olhos azuis e uma vozinha de rola, ó senhores, aquilo era como um querubim: – Carlinhos, tu não queres marmelada? Carlinhos, vamos ao cinema, vamos? Chamava-me Carlinhos, o coirão! – Mas, ó Maria da Luz, tu não vês que me faz desarranjo?! Que se não durmo não posso ir amanhã fazer a feira a Setúbal?!! – Deixa lá a feira, filho! Então tu trocas a tua Mariluz pela feira?! Estão a ver o paleio?! Era de um homem ficar doido. – Ó mulher dos meus pecados, bem sabes que temos que pensar no futuro, que é preciso trabalhar!... – Então vai… Vai, meu querido… E no dia seguinte lá ia eu. – Adeus, meu amor! Adeus… São só três dias… Tem paciência… Dá cá uma beijoca…
O fiel auditório ria da beijoca. Mas ele não se queria demorar ali.
 – Ficava em soluços ao cimo da escada. Ora, como sabem, a minha vida é de casa de Caifaz para casa de Pilatos… Estou a maçá-los?! Vejam lá! Se estou, digam, que eu mudo de assunto.
(O mesmo paleio de Pombal)
– Não? Bem, então, se não incomodo, continuo. Em que ponto íamos nós? Ah, já sei! Falava das sucessivas deslocações a que me obriga a profissão. Muito bem! Ora eu morava, como disse, em Lisboa. Não?! Não disse? Então é que me esqueceu. Mas morava. Na mesma casa. Naquele sexto andar fatídico!... É claro que quando saía me demorava vários dias por fora. O que ainda hoje acontece, de resto. A correr o país de lés a lés, tem de ser. De Trás-os-Montes ao Algarve, parecendo que não, é longe. A minha residência actual é nas Caldas da Rainha. E como das Caldas da Rainha aqui são apenas cento e cinquenta e cinco quilómetros, em três horas ponho-me lá. Mas se tenho de me deslocar a Monção, por exemplo? Felizmente que não viajo de comboio! Utilizo exclusivamente esta maravilhosa criação do progresso – o automóvel. De contrário estava desgraçado. Mesmo assim, não posso fazer milagres! E a maior parte das vezes fico por lá. Durmo sossegado em qualquer pensãozita barata, aproveito o dia seguinte para visitar novas terras…
Uma das maneiras de tomar o pulso à assistência era divagar um pouco. Havia sempre alguém mais insofrido que protestava. E a história, assim reclamada, tinha outro sabor.
– Não interessa? Pronto, já aqui não está quem falou! Adiante. Dizia eu que na minha profissão sou muitas vezes obrigado a pernoitar fora de casa. É natural. Ora naquela data, 24 de Novembro, lembro-me como se fosse hoje, quando em Palmela dava início aos meus trabalhos, desata a chover, que qual feira nem meia feira! Parecia o dilúvio universal. Casa, Balsemão! Casinha, até que Deus Nosso Senhor nos traga sol. Eu gosto muito de sol!
Olhou o céu, como a reforçar a afirmação. Depois, cheio de dignidade, desceu novamente à terra das suas atribulações.
– V. Ex.as estão a ver a minha disposição! Cansado, desanimado, e com os meus ricos bolsinhos vazios… Mas havia uma estrela a brilhar naquelas trevas. Claro que já toda a gente adivinhou… Casadinho de fresco, de mais a mais… Bom, não há quem não goste do seu aconchego… É humano! Cheguei a Lisboa às três da manhã. E que é que os senhores calculam?
(Ria-se. Em Pombal também se rira. Mas era um riso amarelo… Sabe Deus o que iria lá por dentro…)
– A luz do meu quarto acesa àquela hora! Subi os seis lanços da escada dum fôlego, e mais tenho o coração fraco, como já disse! Ia doido! – Ai, Balsemão, se é verdade! Ó desgraçado! Toquei a campainha, e a luz apagou-se imediatamente. – Pronto, Balsemão, não há que ver! O ombro à porta, e foi o fim do mundo!...
Olhou o efeito das suas palavras, bebeu um gole de água, e levou ao rubro, numa só frase, o calor da multidão.
– Para encurtar razões: meti três balas no corpo daquela miserável!
Fosse aldrabice, fosse o que fosse, estavam todos sem ar.
Mas ele era generoso. Limpou o suor da testa, olhou por alguns momentos a emoção colectiva, e atirou a seguir um piedoso balde de água fria na fogueira.
– Não morreu, sosseguem! Era da pele do diabo!
– E ele? – não se conteve a criada do talismã.
– Um covardola! Enquanto eu arrombava a porta, fugiu pelas traseiras…
(Exactamente o que respondera em Pombal. E não… O suor que lhe escorria da testa não era do calor… A tarde até estava a refrescar…)
– Fui julgado e condenado em cinco anos de cadeia… Cadeiinha, pois então! Que cuidam? Cinco anos… Foi quanto me custou aquela olhadela para o tal andar!
Passado o calafrio do desfecho inesperado, começou a fazer-se dentro de cada um a crítica lógica da história. E alguns sorrisos incrédulos afloraram à tona de alguns rostos.
– O respeitável público não acreditou em patavina do que acabo de dizer! Está no seu direito, e faz bem. Eu cá também não acreditava, se me contassem… Mas infelizmente é verdade… Cinco anos numa penitenciária! Cuidei que nunca mais deixava de ver o sol aos quadradinhos… Ainda por cima ferra-se-me uma constipação! Ah! rapazes, que se não tenho lá este maravilhoso xarope, não sei o que havia de ser de mim! Cheguei a filosofar: – Bem, Carlos Balsemão Pimentel da Silva, coração ao largo, e tira daí o sentido. Desta vez morres mesmo. Escusas de alimentar ilusões: nunca mais voltas a fazer bem à humanidade! E se não fosse o xarope…
Não havia dúvida nenhuma que a atenção do público descera com o fim da narrativa. Aquele homem, porém, era um prodígio de tenacidade.
– É claro que os meus desânimos não tinham razão de ser! Com vinte e cinco anos estava ainda uma criança. Por isso tratei de comer e beber, cumpri a pena, divorciei-me, casei de novo, e já vou em quatro filhos… Os tais produtos Balsemão da piada que lhes contei…
Tempo perdido. O lume apagara-se na lareira. Contudo, fez ainda um derradeiro esforço.
– Asma?! O senhor?! Ó homem de Deus, e então não dizia nada?!! Se eu não reparo… Ora valha-o Nosso Senhor!
À voz de asma, instintivamente, os sãos foram-se retirando discretamente, com aquela meia hora desfeita num zum-zum inútil de cigarra.
Mas lá conseguiu vender aos que ficaram dez frascos de xarope, justamente os que restavam.

Retirado de http://literalmente.portalmundonerd.com.br
Depois deram as seis, a feira desfez-se, e a vida retomou a crua realidade habitual. Na sua carrinha o Balsemão deixou então o Largo Velho e meteu apressado pela estrada da Figueira da Foz. A buzinar, ia ultrapassando rapidamente os fregueses, já esquecidos dele e de quantas aldrabices lhes dissera.
Só na curva da morte, à Portela, é que o de Vila-Meã, ao vê-lo passar, o reconheceu, lhe tirou o chapéu, e juntou à poalha do sol que caía a ternura duma palavra:
– Coitado!
  
In «Rua», contos de Miguel Torga, edição do autor, Coimbra, 1985 (5.ª edição).

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