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António
Damásio – Imagem retirada de http://sabermaiscomnabeiro.blogspot.pt
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É habitual
dizer-se que o pensamento não é feito apenas de imagens, que também é
constituído por palavras e por símbolos abstratos não imagéticos. É claro que
ninguém vai negar que o pensamento inclui palavras e símbolos. Mas o que a
afirmação habitual não dá conta é do facto de tanto as palavras como os outros
símbolos serem baseados em representações topograficamente organizadas, e serem
eles próprios imagens. A maioria das palavras que utilizamos na
nossa fala interior, antes de dizermos ou de escrevermos uma frase, existe sob
a forma de imagens auditivas ou visuais na nossa consciência. Se não se
tornassem em imagens, por mais passageiras que sejam, não seriam nada que
pudéssemos saber. Isto é verdade até mesmo para aquelas representações
topograficamente organizadas que não são acedidas à luz límpida da consciência,
mas que são ativadas de forma oculta. Sabemos, através de experiências de priming,
que embora estas representações sejam processadas de modo não consciente podem
influenciar o curso do processo de pensamento e até irromperem na consciência,
um pouco mais tarde. (Priming consiste em ativar uma representação
de forma incompleta e pré-consciente.)
In «O Erro de Descartes – Emoção, razão e cérebro humano» (com
o novo prefácio «Regresso ao Erro de Descartes»), de António Damásio (adaptado
para a língua portuguesa por António Damásio, com revisão de Pedro Ernesto
Ferreira), Temas e Debates (Círculo de Leitores), Lisboa, Setembro de 2011
(esta edição segue a grafia do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa).
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