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Imagem retirada de noseaquimica.blogspot.com |
Sem sairmos das
questões relacionadas com a obtenção de recursos naturais, verificamos que a
rivalidade para obtenção de petróleo não é caso único. Em algumas regiões do
mundo, as preocupações quanto ao abastecimento de água são igualmente
prementes. É de prever que a escassez de água possa vir a ser usada como
«instrumento» em conflitos internacionais que tenham começado por qualquer
outra razão. Estas questões mostrarão tendência a piorar devido aos efeitos das
alterações do clima, que não deixarão certamente de reduzir a quantidade de
água disponível em diversas zonas do mundo onde este bem já é escasso.
A «política da água»
já tem o seu papel nos conflitos que afectam algumas regiões do mundo,
especialmente no Médio Oriente (onde Israel, por exemplo, tomou medidas contra
a Síria e o Líbano para assegurar os fornecimentos do rio Jordão). Se os níveis
actuais de consumo de água doce estão bem acima do sustentável, a situação
tende a piorar. O aumento da população exigirá níveis de abastecimento muito
superiores aos actuais, pelo que as tensões deverão acumular-se sempre que mais
de um país dependa da mesma água.
A título de exemplo,
o Nilo corre através de dez países, onde metade da população vive abaixo da
linha de pobreza. Espera-se que a população a viver na bacia do Nilo duplique
nos próximos vinte e cinco anos, o que criará novas tensões. O Egipto e o Sudão
detêm amplos direitos sobre as águas do rio e têm manifestado relutância em
renegociar tratados com outros Estados ribeirinhos.
Outro exemplo do
mesmo tipo de tensões é a situação entre Israel e a Palestina, onde ambas as
populações dependem do acesso a várias das mesmas fontes de água, especialmente
das águas das chuvas que caem sobre os montes da Margem Ocidental.
A água é uma fonte de
segurança e prosperidade, mas é um líquido com tendência a escassear, um
problema que poderá vir a afectar a produção de bens alimentares em certas
zonas, criando tensões capazes de desencadear conflitos armados, a menos que
haja uma estrita observância das leis que regulam o seu uso e sejam conseguidos
acordos multilaterais para a gestão dos
recursos hídricos.
In «As ameaças do mundo actual», de Chris Abbott, Paul
Rogers e John Sloboda (traduzido do original «Beyond Terror», por Saul Barata),
Editorial Presença, Lisboa, 2007.
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