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terça-feira, 29 de novembro de 2016

OS NOMES, texto poético de Eugénio de Andrade

Imagem encontrada em http://www.agronegocios.eu/

Tua mãe dava-te nomes pequenos, como se a maré os trouxesse com os caramujos. Ela queria chamar-te afluente-de-junho, púrpura-onde-a-noite-se-lava, branca-vertente-do-trigo, tudo isto apenas numa sílaba. Só ela sabia como se arranjava para o conseguir, meu-baiozinho-de-prata-para-pôr-ao-peito. Assim te queria. Eu, às vezes.

In «Antologia Breve», poesia de Eugénio de Andrade, Colecção «Obra de Eugénio de Andrade» (n.º 25), Fundação Eugénio de Andrade, Porto, Maio de 1994 (6.ª edição).

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