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A tua carne cantou em mim
como se eu fosse um búzio
e tu um mar em som,
presente e longínquo.
E em ti
que vive hoje ainda,
a reavivar o instante sóbrio e perfeito
que a noite trouxe em teus olhos
debruçados sobre a tua e a minha solidão?...
– Mas quando a noite a fechar-se
chama do mar a bruma rumorejante,
tuas mãos frias e recolhidas
talvez ainda tenham uma saudade muda
para mim…
In «Búzio» (poesia), de João José Cochofel, edição do
autor, Coimbra [Oficinas da «Atlântida»], 1940 (1.ª edição, de restrita tiragem).
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