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Coimbra, 31 de Maio – Depois de vencer a resistência dos leitores, o artista tem de vencer o cansaço que deles se apodera ao fim de meia dúzia de livros. Se lhes oferece incessantemente o mesmo prato, ainda que seja perfeitamente condimentado, o gosto não resiste ao hábito; se os espicaça com autênticas novidades, o instinto de conservação reage e defende-se egoisticamente de cada nova aventura. Por isso poucos criadores têm a coragem de agredir sem qualquer preocupação o seu público. Entram num compromisso, e atamancam a velhice como podem, esquecidos de que os admiradores não representam nada na obra, e de que o que é preciso não é contar com eles, mas com ela. Criá-la e dar-lhe o destino implícito na sua estrutura. A uma coisa só o artista deve estar atento: é que os alicerces de granito não tenham um telhado de vidro.
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