(Trouxe
ontem de Galamares a nebulosa
desta
poesia.)
De repente, lembrei-me do mistério das flores amarelas
que prolongam a planície até às madrugadas do murmúrio…
Afinal, quem criou as flores amarelas?
Foi talvez o Primeiro Peixe que se arrastou no chão com
um raio de sol na boca…
Talvez o rojo das crinas de oiro dos cavalos caídos do
arco-íris…
Talvez o vento que pintou a terra dum sopro de borboletas
presas…
Não sei.
Só sei que vou contigo de mãos dadas através do mistério
das flores amarelas.
Só sei que te enfeitei o vestido do mistério das flores
amarelas.
Só sei que a manhã cheira tão bem ao mistério das flores
amarelas…
(… enquanto os outros homens de bruços,
no Subterrâneo dos Soluços,
rezam ao Silêncio do Cadáver das Velas.)
In «Poeta
militante – Viagem do Século
Vinte em mim» (1.º volume), obra poética completa de José Gomes Ferreira,
colecção «Círculo de Poesia», Moraes Editores, Lisboa, Outubro de 1977 (1.ª
edição).
Sem comentários:
Enviar um comentário