Foto encontrada em http://arepublicano.blogspot.pt
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«[…] Namorado era jovem e poeta. O tempo ia decorrendo e
em 1941 estava no quartel dos Caçadores nº 12, na cidade da Guarda, onde pintou
a aguarelas o seu conhecido autorretrato e, entre 1937 e 1942, escreveu cerca
de quinhentas “Cartas de Amor”, enviadas à “Menuche”, Guilhermina, a mulher da
sua vida que, numa época reprimida e difícil, havia de lhe dar duas filhas – a
Irene e a Teresa. Eram “Anos de Chumbo” e a Segunda Guerra Mundial começara […].
O poeta escrevia:
Andam meus olhos naufragados
nesta vida minha
a mim próprio estranha,
tudo o que é meu morre além
a dois passos
só esta secura me fica
– tamanha
Gela minha ternura
a indiferença que a rodeia…
fermenta em meus braços
o abraço
que não encontra os teus braços!
Aí veio a chuva, amor,
– está tanto frio!
Ao lume arrefeço sem o teu carinho.
Estou triste e ninguém
me pergunta o que tenho…
Toda
vida é perdida
distante de ti.
Seja o sal dos teus beijos
que me acorde amanhã…
In «Joaquim
Namorado – O herói no “Neo-realismo mágico” (No centenário do seu nascimento)»,
de Jaime Alberto do Couto Ferreira (com a colaboração especial de José Vitória,
Natália Bebiano e Maria da Guia), Lápis de Memórias, Coimbra, Julho de 2014
(1.ª edição).
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