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Vi-o cair
sozinho
ao pé
do tapume
e não
fui erguê-lo.
Continuei
o meu caminho
com raivas
de lume
nos
olhos de gelo…
Ah!
D. Quixote, D. Quixote
que trago
no coração,
por
que não me obrigaste, a chicote,
a
levantá-lo do chão?
Por
que não me obrigaste, a pontapé,
a levá-lo
nos meus braços
ao
Hospital de S. José
– por
pedras de rasgar passos?
Por
que tão assim te contentas
com o
dever clandestino
destas
lágrimas sangrentas
que
já nem choro, imagino?
D.
Quixote, D. Quixote,
D.
Quixote sem cavalo,
sem espada
nem arnês,
fechado
no meu coração:
por
que não me obrigaste a levá-lo
em
vez, em vez
de
estares para aí a chorá-lo
com
lágrimas de sonho vão?
D.
Quixote português,
covarde
de solidão.
In «Poeta
militante – Viagem do Século
Vinte em mim» (1.º volume), obra poética completa de José Gomes Ferreira,
colecção «Círculo de Poesia», Moraes Editores, Lisboa, Outubro de 1977 (1.ª
edição).
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