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Eh! amigo lagarto
que todos os dias nesta vereda
espreitas do teu buraco
para o bicho do sol na greda.
Eis-nos sob as mesmas folhas
e o mesmo céu
para onde tu não olhas…
(Nem eu.)
Eis-nos sob a mesma lei
desta vida
onde já me cansei
de ser Rei
da Lua Repetida.
Eh! amigo lagarto!
Não imaginas como estou farto
da monotonia
dos homens e da natureza.
Vá! Faz-me uma surpresa.
E qualquer dia
sai da toca
com uma estrela verde na boca.
(Ou um manifesto
clandestino
de protesto
contra este nosso destino
de sardão
– em que até o sol parece chão.)
In «Poeta
militante – Viagem do Século Vinte em mim» (1.º volume), obra poética completa
de José Gomes Ferreira, colecção «Círculo de Poesia», Moraes Editores, Lisboa,
Outubro de 1977 (1.ª edição).
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