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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

[O tempo é um velho corvo], a poesia de Carlos de Oliveira sob o olhar de Eduardo Lourenço

Carlos de Oliveira – Fotografia encontrada em http://www.avante.pt/

A verdade é que a meditação essencial na poesia de Carlos de Oliveira não se processa no horizonte-limite da morte, mas com insistência no círculo do Tempo, com maiúscula, pois é assim que ele comparece e «assombra» a sua poesia. O Tempo é ocasião de uma vivência mais rica que a sua abolição e Carlos de Oliveira encontrará nela a ocasião das suas imagens mais pessoais e bizarras:

O tempo é um velho corvo
de olhos turvos, cinzentos.
Bebe a luz destes dias num sorvo
como as corujas o azeite
dos lampadários bentos.

E nós sorrimos
pássaros mortos
no fundo dum paul
dormimos!
[...]

In «Sentido e forma da poesia neo-realista», ensaio de Eduardo Lourenço, Gradiva, Lisboa, Outubro de 2007 (1.ª edição).

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