Carlos de Oliveira – Fotografia
encontrada em http://www.avante.pt/
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A verdade é que a meditação
essencial na poesia de Carlos de Oliveira não se processa no horizonte-limite
da morte, mas com insistência no círculo do Tempo, com maiúscula, pois é assim
que ele comparece e «assombra» a sua poesia. O Tempo é ocasião de uma vivência
mais rica que a sua abolição e Carlos de Oliveira encontrará nela a ocasião das
suas imagens mais pessoais e bizarras:
O tempo é um velho corvo
de olhos turvos, cinzentos.
Bebe a luz destes dias num sorvo
como as corujas o azeite
dos lampadários bentos.
E nós sorrimos
pássaros mortos
no fundo dum paul
dormimos!
[...]
In «Sentido e forma da
poesia neo-realista», ensaio de Eduardo Lourenço, Gradiva, Lisboa, Outubro de
2007 (1.ª edição).
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