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Os
meus dias vagarosos
partilho-os
com as aranhas.
A
sua linearidade cintila,
são
os cartógrafos do ar.
Oh,
se também o meu caminho fosse
como
o da aranha, um fio
segregado
onde me pendurasse.
Uma
rede argêntea de onde vigiasse!
Quando
cai a escuridão
deixo
então de a ver,
mas
sei que existe: imagens de estrelas
guiando
o pensamento desconhecido.
E
por um momento
julgo,
assim, descansar
nas
mãos de um deus sistemático,
uma
ponta de vazio.
In «Coração de papel»,
de Lasse Söderberg (seminário de tradução colectiva Poetas em Mateus,
Abril-Maio de 1998: Ana Luísa Amaral, Egito Gonçalves, Fernando Amaro, Fernando
Pinto do Amaral, Gonçalo Vilas-Boas, Malin Löfgren, Manuel António Pina, Miguel
Serras Pereira, Pedro Mexia, Rosa Alice Branco; com revisão de Ana Luísa Amaral
e Gonçalo Vilas-Boas; e nota biobibliográfica de Gonçalo Vilas-Boas), Quetzal
Editores, Lisboa, 2001 (1.ª edição).
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