Pintura «Caminho de Flores», de Lars de Goor
(imagem encontrada em http://marinabaitello.wordpress.com/)
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O poeta
faz agricultura
às avessas:
numa única
semente
planta a
terra inteira.
Com lâmina
de enxada
a palavra
fere o tempo:
decepa o
cordão umbilical
do que
pode ser um chão nascente.
No final
da lavoura
o poeta
não tem conta para fechar:
ele só
possui
o que não
se pode colher.
Afinal,
Não era a palavra
que lha faltava.
Era a vida que ele, nele, desconhecia.
«tradutor
de chuvas» (poesia), de Mia Couto, Editorial Caminho (grupo Leya), Alfragide,
Julho de 2013 (2.ª edição).
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