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Quase fui
médico.
Cedo
acreditei
ter inclinação.
Aconteceu,
em menino,
frente aos
compêndios escolares.
Fascinava-me,
no humano
corpo,
o vocabulário
em flor:
o suco
gástrico,
o bolo
alimentar,
o trânsito
intestinal,
as papilas
gustativas.
Ante o meu
prematuro pasmo,
a professora
vaticinou: vai ser médico!
Em casa,
porém,
meu pai
diagnosticou diverso:
não era a
anatomia que me atraía.
Eu apenas
amava as palavras.
Meu pai
adivinhava.
E eu, de
poesia, adoecia.
«tradutor
de chuvas» (poesia), de Mia Couto, Editorial Caminho (grupo Leya), Alfragide,
Julho de 2013 (2.ª edição).
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