Foto encontrada em http://www.geocaching.com/
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Coimbra, 16 de Abril de 1952 – Resposta a um inquérito do Journal des poètes.
O poeta é
sempre do seu tempo, de uma maneira positiva ou negativa. Positiva, se é capaz
de intuir o íntimo sentido da sua época e lhe encontra a expressão poética
presente e a ressonância poética futura; negativa, se não passa de um doirador
obtuso do que nessa mesma época é cisco circunstancial.
Irremediavelmente,
todos os poemas são datados. E a posteridade encontra mais perenidade naqueles
que simultaneamente testemunham e sugerem. De resto, como poderia o poeta não
ser do seu tempo, se ele é sempre a mais alta consciência de um tempo? O poeta
não é uma abstracção. É um ser real, que existe no real. Por isso, não poderá
evadir-se da vida, que o marca e é marcada por ele. A fundura dessas mútuas
cicatrizes é que varia.
In «Diário (6.º volume)», de Miguel Torga, edição de autor,
Coimbra, 1978 (3.ª edição).
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