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São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
In «Antologia Breve», poesia de Eugénio
de Andrade, Colecção «Obra de Eugénio de Andrade» (n.º 25), Fundação Eugénio de
Andrade, Porto, Maio de 1994 (6.ª edição).
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