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À sombra, dar à sombra
o mesmo nome que dei ao lume.
Até onde me lembro
havia a crespa, alucinada
luz caindo, as laranjas do mar.
O ar não estava ainda cheio de vozes:
falar é semelhante à baba
do prazer mais triste e solitário.
Entre animal e homem, a criança,
o minotauro.
O corpo foi traído, não voltará,
não voltará a ser igual.
In, «Branco no Branco / Contra a Obscuridade»,
poesia de Eugénio de Andrade (com texto, reproduzido nas badanas, da autoria de
Óscar Lopes – «Uma Espécie de Música», 1981), Colecção «Obra de Eugénio de
Andrade» (n.º 18), Fundação Eugénio de Andrade, Porto, Abril de 1993 (5.ª
edição / 5.ª edição).
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