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AQUI ESTOU eu, portanto,
o criado para as pequenas Kóres e as
ilhas do Egeu;
o
amante das cabriolas dos cabritos,
o iniciado das folhas da oliveira;
o
bebe-sol e mata-gafanhotos.
Eis-me aqui frente
ao
negro vestido dos fanáticos
e à irritação do ventre vazio dos
anos
que abortou os
seus filhos!
O vento desata os elementos e o
trovão assalta os montes.
Destino dos inocentes, eis-te de novo
só, tu, nos Estreitos!
Nos Estreitos abri as mãos.
Nos Estreitos
esvaziei as mãos
e não vi outra riqueza nem ouvi
outra riqueza
que o correr das
frias fontes.
Romãs ou Zéfiros ou Beijos.
«Cada
um com as suas armas», disse:
Nos Estreitos abrirei as minhas
romãs.
Nos
Estreitos porei de sentinela os zéfiros,
libertarei os antigos beijos que o
meu desejo santificou!
O
vento desata os elementos e o trovão assalta os montes.
Destino dos inocentes, és o meu
próprio Destino!
In «Louvada
seja (Áxion estí)», de Odysséas Elytis (com tradução e posfácio de Manuel Resende),
colecção «Documenta Poetica», Assírio & Alvim, Lisboa, Março de 2004 (1.ª
edição).
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