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No
seu discurso de recepção na Universidade de Oxford, em 1946, Jean Cocteau conta
a seguinte anedota:
«O
meu amigo Pobers, professor de uma cadeira de parapsicologia em Utreque, foi
enviado em missão para as Antilhas, a fim de estudar o papel da telepatia,
correntemente usada entre os selvagens. Se desejam corresponder-se com o marido
ou o filho, na cidade, as mulheres dirigem-se a uma árvore e pai ou filho
respondem ao que lhes é perguntado. Um dia em que Pobers assistia a este
fenómeno e perguntava à camponesa por que motivo se servia de uma árvore, a sua
resposta foi surpreendente e apta a resolver todo o problema moderno dos nossos
instintos atrofiados pelas máquinas, nas quais o homem delega todo o esforço.
Eis a pergunta: «Por que se dirige a uma árvore?» E eis a resposta: «Porque sou
pobre. Se fosse rica, teria o telefone».
Certos
electroencefalogramas de Yogis em êxtase apresentam curvas que não correspondem
a nenhuma das actividades cerebrais conhecidas em estado de vigília ou de sono.
Há muitos brancos com bonecos de fantasia sobre o mapa do espírito civilizado:
precognições, intuição, telepatia, génio, etc. No dia em que a exploração
destas regiões estiver realmente desenvolvida e se tiverem aberto pistas
através de diversos estados de consciência ignorados pela nossa psicologia
clássica, o estudo das civilizações antigas e dos povos considerados primitivos
revelará talvez verdadeiras tecnologias e aspectos essenciais do conhecimento.
A um centralismo cultural sucederá um relativismo que nos apresentará a história
da humanidade sob uma luz nova e fantástica. O progresso não está em reforçar
os parêntesis, mas em multiplicar os traços de união.
In «O
Despertar dos Mágicos – Introdução ao Realismo Fantástico», de Louis Pauwels e
Jacques Bergier, tradução de Gina de Freitas, Livraria Bertrand, Lisboa, Março
de 1980 (11.ª edição).
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