Dentro de mim há um mar
De
limites
Que
desconheço.
Volúvel
e imprevisto
Capaz
de mais fortes tempestades
Turbulentas,
rebeldes,
Até
à suave calmaria
Que
o céu azul
Cobre
com enlevo.
É
o tempo das estranhas melodias
Trazidas
pela brisa
Em
que as sereias
Entoam
cânticos de louvor
Ao
deus Neptuno.
Velas
que atravessam,
Vagarosas,
O
horizonte em fogo,
Aurora
boreal dos quadros
De
uma romântica avó.
Mas,
quando, súbita,
A
borrasca de enxofre cai
E
as águas se encrespam com violência
Nas
vagas da ira
Naufrago
e sucumbo,
Roda
de leme abandonada
À
sua própria culpa.
Depois,
E
sempre,
O
travo amargo da derrota,
De
uma secreta vergonha.
Até
que,
Mais
tarde,
A
calmaria bonançosa
Me
devolve a paz desejada.
In «Estudo para
Auto-retrato (Poemas)» (com prefácio de Andrée Rocha), edição do Autor
(distribuidor: Livraria Almedina), Coimbra, Novembro de 1997 (1.ª edição).
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